sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Poesia infanto-juvenil

SIDÓNIO MURALHA

Sidónio Muralha nasceu em Lisboa a 29 de Julho de 1920. Integrado no movimento neo-realista, estreou-se com Beco, colectânea de poemas publicada em 1941. Perseguido pela ditadura, partiu para o Congo Belga, acabando por fixar residência, já na década de 1960, no Brasil. Escreveu contos, novelas, poemas, dedicando-se também à literatura infantil. O seu primeiro livro de poemas para crianças data, porém, de 1950: Bicos, Bichinhos e Bicharocos. No Brasil, fundou a Editora Giroflé. Faleceu em Curitiba no ano de 1982.



                                                   

Xadrez  

É branca a gata gatinha
É branca como farinha.
É preto o gato gatão
É preto como o carvão.
E os filhos, gatos gatinhos,
São todos aos quadradinhos.
Os quadradinhos branquinhos
Fazem lembrar mãe gatinha
Que é branca como a farinha.
Os quadradinhos pretinhos
Fazem lembrar pai gatão
Que é preto como carvão
Se é branca a gata gatinha
E é preto o gato gatão,
Como é que são os gatinhos?
Os gatinhos eles são,
São todos aos quadradinhos. 

Prisioneiro
Numa gaiola de pau
um pica-pau
fica mau.

Fica
mau,
fica,
e o pau
pica
o pica pau.

As grades

Um pássaro entrou na gaiola vazia
e a gaiola fechou a alegria.

Canta a gaiola de contentamento
e canta o pássaro contra as grades
mas só canta porque tem saudades
das montanhas, do sol e do vento.

Cheia de pássaro a gaiola
cantarola, cantarola,
mas o pássaro tem asas
e vai deixar a gaiola.

Pássaro Livre

Gaiola aberta.
Aberta a janela.
O pássaro desperta.
A vida é bela.

A vida é bela.
A vida é boa.

Voa, pássaro, voa.
 Boa Noite

A zebra quis
ir passear
mas a infeliz
foi para a cama

— teve que se deitar
porque estava de pijama.
A Caminhada

Nessa mata ninguém mata
a pata que vive ali,
com duas patas de pata,
pata acolá, pata aqui.

Pata que gosta de matas
visita as matas vizinhas,
com as suas duas patas
seguidas de dez patinhas.

E cada patinha tem,
como a pata lá da mata,
duas patinhas também
que são patinhas de pata.

Pintassilgo
O pintassilgo diz:
- nada me consola,
eu não sou feliz
nesta gaiola.

Do céu azul e da amplidão
eu sinto muitas saudades.
Não quero esta solidão
cada minuto e segundo.

Crianças, quebrem as grades
de todas as gaiolas do mundo. 

Dia de FestaA floresta
acordada
pela madrugada
de um dia
de festa
abria
a saia rodada
e a madrugada
sorria
sorria à floresta
na madrugada da festa.

A alegria
estava lá
a poesia
estava lá,
mas onde estava a alegria
mas onde estava a poesia
só sabia
o sabiá.

Só o sabiá
sabia
sabia
o que havia

- era um sábio o sabiá.
Dono
do dia
da festa
e dono
da madrugada
só por ele a floresta
despertada
do seu sono
abria
a saia rodada.

E tudo o que lá
havia,
e tudo que havia
lá,
que se chamasse alegria
que se chamasse poesia
só sabia
o sabiá.
Ouçam como ele assobia,
assobia
o sabiá.


              

1 comentário:

  1. Ola, sem dúvida que a poesia promove o gosto pela leitura e o interesse pelos textos escritos. A poesia mexe com o imaginário da criança, levando-a a expressar desejos, sentimentos, descobrindo que se pode brincar com as palavras.É um tipo de texto que atrai muito as crianças, pois apresentam um caráter lúdico que ajudam na elaboração e orientação didática na sala. Bjs

    ResponderEliminar