quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Desenvolvimento Curricular e Avaliação

                 A Educação de Infância      
                           


                              

Segundo Roldão (1999), currículo é o corpo de aprendizagens reconhecidas como socialmente necessárias e os professores os principais especialistas de currículo, porque esse é o saber que caracteriza e define a sua acção - Saber fazer aprender alguma coisa a alguém.
O currículo deve conter diversos aspectos interligados:

o conteúdo ( o que as crianças devem aprender);
os processos de aprendizagem ( como as crianças devem aprender);
as estratégias de ensino (como ensinar);
as estratégias de avaliação (como saber que aprendizagens ocorrem e que ajustes curriculares devem ser feitos).
A grande diversidade de população de cada escola exige uma gestão diferente do currículo de modo a responder ao seu público de forma a melhorar a sua aprendizagem.

Aquilo que o aluno já sabe deverá ser o ponto de partida para a aprendizagem, os conhecimentos prévios são em muitos casos parciais ou errados, mas são aqueles que o aluno utiliza para interpretar a realidade. Assim o processo ensino- aprendizagem consistirá em ir reconstruindo estas pré-concepções aproximando-as cada vez mais do conhecimento científico.

Citando Bruner, Vasconcelos (2000), afirma que qualquer matéria pode ser ensinada a qualquer criança de qualquer idade de forma honesta e eficaz, assim na sua teoria do currículo em espiral entende que se parte de um núcleo e que se vai girando, organizando, tecendo à volta desse núcleo. Assim, o aqui e o agora vão-se tornando maiores e, à medida que os alunos crescem, os assuntos já estudados voltam a surgir com um outro nível.

O educador no seu papel de gestor curricular, deverá ser um verdadeiro profissional de educação, fazer os outros aprenderem, num ambiente envolvente utilizando o seu conhecimento científico e educativo tendo em conta a motivação, o desenvolvimento, a resolução de conflitos entre pessoas e grupos e a comunicação, de forma a que a escola seja um organismo vivo, inserido num ambiente próprio.

Orientações Curriculares para a Educação Pré Escolar
Reconhecendo a necessidade de uma intencionalização da prática dos educadores de infância, a Administração Central, concebeu o documento Orientações Curriculares para a Educação Pré Escolar, aprovadas pelo Despacho nº5220/97, de 10 de Julho, e publicadas pelo Departamento de educação Básica em Setembro de 1997.
Este documento resultou de um processo de consulta, que envolveu profissionais e investigadores, estando organizado em duas partes:

1ª Parte - Princípios Gerais: princípio geral e objectivos pedagógicos, fundamentos e organização, e as orientações globais para o educador.

2ª Parte - Intervenção Educativa: organização do ambiente educativo, áreas de conteúdo e continuidade educativa.

As Orientações Curriculares acentuam a importância de uma pedagogia estruturada, o que implica uma organização intencional e sistemática do processo pedagógico, exigindo que o educador planeie o seu trabalho e avalie o processo o os seus efeitos no desenvolvimento e na aprendizagem das crianças. (O.C. Pag. 18).

Assim devem ser utilizadas pelo educador, para tomar decisões sobre a sua prática de planear e avaliar o processo educativo, implicando assim a intencionalização da actividade educativa, o que quer dizer que o exercício da docência na educação pré-escolar deve incluir planificação, avaliação e registo, ou seja exige intencionalização do quotidiano pedagógico. Adoptam ainda uma perspectiva mais centrada em indicações para o educador do que na previsão de aprendizagens a realizar pelas crianças, incluindo a possibilidade de fundamentar diversas opções educativas.

As orientações globais para o educador estruturam-se nas seguintes dimensões:

1- Observar - avaliação diagnóstico, caracterização para ter conhecimento da criança e do grupo.
2- Planear, aprendizagens significativas e diversificadas de acordo com o diagnóstico efectuado.
3-Agir, concretização da acção, adaptação às propostas das crianças tirando partido das situações e oportunidades.
4- Avaliar, tomar consciência da acção, adequar o processo educativo. Avaliação com as crianças como base de avaliação para o educador. Progressão das aprendizagens a desenvolver com as crianças.
5- Comunicar, partilha com a equipa e com a família.
6- Articular, continuidade educativa com outros ciclos.

As orientações globais têm ainda como alicerce quatro Fundamentos dando sentido e consistência à prática educativa.

Desenvolvimento e a Aprendizagem como vertentes indissociáveis.
A interligação entre desenvolvimento e aprendizagem defendida por diferentes correntes actuais da psicologia e da sociologia que consideram que o ser humano se desenvolve num processo de interligação social. (O.C. pp18-19)

Reconhecimento da criança como sujeito do processo de aprendizagem.
Admitir que a criança desempenhe um papel activo na construção do seu desenvolvimento e aprendizagem, supõe encara-la como sujeito e não como objecto do processo educativo.( O.C. pp19)

Construção Articulada do Saber.
Neste sentido acentua-se a importância da Educação pré-escolar partir do que as crianças sabem da sua cultura e saberes próprios... oportunidade de usufruir de experiências educativas diversificadas num contexto facilitador de interacções alargadas com outras crianças e adultos, permite que cada criança, ao construir o seu desenvolvimento e aprendizagem, vá contribuindo para o desenvolvimento e aprendizagem dos outros. (O.C. pp 19)

Exigência de resposta a todas as crianças.
O respeito pela diferença inclui as crianças que se afastam dos "padrões normais", devendo a educação pré-escolar dar resposta a todas e a cada uma das crianças. (O.C. pp 19)

Assim, o educador tendo por base as orientações curriculares deverá construir o currículo no âmbito do Projecto Educativo do estabelecimento, tendo em conta: as características individuais e do grupo de crianças; a forma de ser e os saberes do próprio educador; os desejos e interesses das famílias e das comunidades; as problemáticas dos outros ciclos de ensino.
Este documento deverá tornar-se uma referência, que indique aos educadores, aos pais e à sociedade que experiências e saberes são importantes que o jardim de infância proporcione às crianças.
O Acto de avaliar, na educação de infância apesar de ter subjacente as mesmas questões que nos outros níveis de ensino, caracteriza-se por uma grande especificidade que é a idade das crianças. Há que considerar: o que avaliar; qual o contexto; quem avalia; porque avalia; como se avalia. Há que ter em conta essencialmente três funções: recolha de informação, a sua interpretação e a consequente adopção de decisões que possibilitem o aperfeiçoamento da acção educativa. As principais estratégias incidem na observação do ambiente educativo, das crianças e dos resultados das actividades que vão sendo realizadas, assim os professores através da avaliação têm a possibilidade de refletir e de tomar decisões fundamentadas sobre as suas práticas educativas.
                           

                                  dia das crianças piscina de bolinha
           

1 comentário:

  1. Como educadora urge a necessidade de haver intencionalidade no processo educativo assentando na participação da criança no planeamento, na acção e na avaliação, o que lhe permite desenvolver competências de iniciativa e de autonomia, numa diversidade de benefícios e aprendizagens significativas. Neste sentido considera-se ”que a criança desempenha um papel activo na construção do seu desenvolvimento e aprendizagem, supõe encará-la como sujeito e não como objecto do processo educativo” (Ministério da Educação, 1997 )

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